Pikmin 4 - Switch - O ÚLTIMO SOBREVIVENTE - parte 13
De fato, o momento é de florescimento para Pikmin. Em desenvolvimento há pelo menos sete anos, Pikmin 4 corresponde não apenas ao jogo mais agradável da franquia, como o mais surpreendente. A experiência final se classifica entre os melhores títulos do Nintendo Switch.
A jogabilidade dinâmica proporcionada pelos novos recursos de qualidade de vida garante que o jogador leve à risca a arte “Dandori” – como o game ressalta diversas vezes, a habilidade de “organizar tarefas de forma estratégica para trabalhar com a maior eficiência possível”.
Por mais que reserve desafios que devem surpreender até mesmo os veteranos, Pikmin 4 demonstra preocupação em acolher e agradar um grande público de jogadores. Esse zelo chega, sim, a ser sufocante em certos momentos, mas não o suficiente para ofuscar este que é o retorno triunfal da série.
Durante o período de análise, o grande destaque da experiência foi descobrir os incríveis desafios que Pikmin 4 reserva. Escondidos em cavernas, expedições noturnas e desafios Dandori estão as missões e batalhas mais difíceis e satisfatórias da franquia.
É curioso perceber que o desenvolvimento optou por construir a dificuldade de forma “orgânica”, a começar que não há modos de dificuldade em Pikmin 4 – ao menos, no jogo base. Diferente de Pikmin 3 Deluxe, não há um nível de dificuldade “Ultra-Spicy” desbloqueável ao fim do game.
Por mais que cause estranhamento, a escolha se justifica por ser tecida na própria experiência. Os maiores desafios são segredos ocultos: caso seja curioso e dedicado o suficiente, as provas de fogo estarão aguardando o jogador. Se não, é tranquilamente possível completar a campanha sem esses trechos.
Esse aspecto se comprova nas expedições noturnas. Disponíveis como um novo modo de jogo separado, as primeiras expedições à noite não requerem muito esforço. Porém, quanto mais cenários desbloquear, maior é o drama e o caos destas missões de defesa de torre.
Para a alegria dos veteranos da franquia, é possível alcançar um nível de dificuldade ainda maior ao abrir mão de ferramentas como o ataque carregado dos Pikmin Pirilampos.
Contudo, há uma exceção para essa “liberdade de personalização” da experiência: um trecho específico da campanha oferece dificuldade exponencial, chegando a ser alarmante para os novatos ou crianças que tiveram uma experiência tranquila até então.
Aqui, os modos de dificuldade faz falta, pois a única alternativa disponível é recorrer à “ajuda” do patrulheiro Din – que, basicamente, completa a batalha ou desafio automaticamente sem qualquer envolvimento do jogador. Uma solução desnecessariamente radical.
Um aspecto que ainda deixa a desejar, porém, é a inteligência artificial dos Pikmin. Por mais que tenha avançado exponencialmente em relação à era do GameCube, a inteligência dos pequenos companheiros “engasgou” mais de uma vez, deixando os Pikmin zanzando sem fim em torno de objetos a serem carregados. Ainda sim, é uma exceção à regra.
Foram-se os tempos em que os controles de Pikmin eram intrincados e frustrantes: a experiência nunca foi tão agradável quanto no quarto game. Uma das adições de qualidade de vida mais notáveis é Otchin, o “salvacão” que desempenha o papel tanto de montaria quanto de capitão e Pikmin.
O destaque fica para a verticalidade que Otchin proporciona à exploração. Logo no segundo dia de aventura, o salvacão desbloqueia a habilidade de saltar – sim, Pikmin agora tem trechos plataforma, por assim dizer.
A verticalidade já era uma realidade em Pikmin 3, em que atirar outros exploradores possibilitava alcançar áreas elevadas. Ainda sim, os cenários nunca tiveram tantas camadas quanto em Pikmin 4. A aplicação desta novidade é tão orgânica que chega a ser estranho retornar aos títulos antigos e encontrar cenários planos.
Outro facilitador prático é a habilidade de retroceder no tempo. A ferramenta é opcional e, por isso, não interfere na dificuldade da experiência, servindo para garantir uma chance de consertar erros drásticos como a morte de muitos Pikmin. É um recurso bastante útil que virá a calhar nos desafios mais difíceis do jogo.
E o que falar dos itens? São tantos que provavelmente você não fará uso de todos, o que abre margem para cada jogador ter uma jogatina completamente diferente. Em especial, o item que se mostrou mais prático é a sirene que chama Pikmin inativos até o capitão, dispensando longas caminhadas de volta à base.
Equipamentos de uso comum como o drone explorador, a pedra-bomba e o vaporizador super-picante podem ser equipados nos atalhos de acesso rápido do D-pad, que o jogador pode personalizar à vontade.
De fato, é nítido o esforço de Pikmin 4 em proporcionar a jogatina mais confortável possível. É uma pena apenas que essa assistência chega à níveis insuportáveis com as intervenções da Brigada de Resgate.