Como foi conspiração contra Jango e avanço das tropas, segundo Kruel | 60 ANOS DO GOLPE
60 ANOS DO GOLPE | Ex-chefe de polícia do Rio e ex-ministro da Guerra de João Goulart, o general Amaury Kruel comandava 25 mil homens do 2º Exército no dia em que seu colega Olympio Mourão Filho decidiu descer com suas tropas de Minas para o Rio. Horas depois, Kruel partiu de São Paulo com o mesmo destino, começando a selar o futuro do presidente João Goulart.
Quando se aproximava de Barra Mansa, recebeu o convite do comandante das tropas enviadas para barrá-lo, o general Armando de Moraes Âncora, então à frente do 1º Exército, para uma conversa na Academia Militar das Agulhas Negras, então dirigida por Emílio Garrastazu Médici. Soube ali que a conspiração para depor o presidente havia vencido. Era 1º de abril.
O plano começou bem antes. Em 25 de março, rebentava a rebelião dos marinheiros, no Rio, o ponto, que segundo Kruel, não havia mais retorno. O tempo das conversas acabara: conspirava-se. Na tarde e na noite do dia 31, Goulart tentou conversar com Kruel quatro vezes. Conseguiu apenas duas. E ouviu do general que seu governo não tinha mais jeito.
Um resumo do depoimento de Kruel foi publicado no Jornal da Tarde em 3 de junho de 1978, onde ele negava ter ficado em cima do muro até o dia do golpe e criticava a cassação dos direitos políticos de Juscelino Kubitschek. Sua íntegra, com mais de 300 laudas, permanece guardada no Acervo do Estadão.
A entrevista de Kruel é parte do especial do Estadão sobre os 60 anos do golpe militar de 1964. Entre 28 e 31 de março, o jornal publicará relatos inéditos colhidos em 1977 que contextualizam o clima de tensão no Brasil antes do golpe e os bastidores do movimento; também reportagens que revelam uma preparação para a guerra em São Paulo e novos relatos sob tortura no período de ditadura militar.
Assista ao vídeo e acompanhe a série no site do Estadão.