Gotham Knights - PC, Xbox, Playstation - O INÍCIO - parte 1
Gotham Knights chega com uma proposta arriscada, porém, interessante: oferecer um jogo no universo de Batman, mas sem o homem-morcego. De fato, não é fácil digerir que, em um mercado marcado por ótimos jogos do herói, a próxima investida em Gotham City não é na pele de Bruce Wayne.
Agora, cabe a Asa Noturna, Robin, Batgirl e Capuz Vermelho provar que são capazes de defender a cidade. Em mais uma história cheia de mistérios e conspirações, Gotham Knights entrega no que se propõe, mas perde a chance de fazer muito mais.
Os quatro cavaleiros
Em jogabilidade, embora Gotham Knights seja encoberto pela poderosa sombra da série Arkham e, claramente, carregue os jogos do passado como referência, é importante reparar que, pelo menos na hora da porradaria franca, aqui há muito mais profundidade.
Uma vez que inimigos já estiverem engajados, cada personagem possui habilidades que os distingue dos demais. Embora todos tenham o mesmo arsenal com golpes à distância, socos leves, pesados, esquivas e afins, cada luta pedirá por um tipo diferente de propriedade para ultrapassar certos obstáculos.
Aqui, a variedade surpreende positivamente. Com diferentes gangues, como Máfia, Lokos, Reguladores e mais inimigos apresentados no decorrer do jogo, é necessário saber qual habilidade usar na hora certa. Ataques perfurantes em inimigos com escudos, dano contínuo para evitar teletransportes, dano em área e tudo mais. Cada personagem tem a própria maneira de lidar com os problemas.
Aliado a isso, cada um dos heróis tem quatro árvores de habilidades distintas. Uma delas é igual para quase todos, servindo apenas para aumentar dano. Já as outras exploram propriedades exclusivas dos personagens, com drones para Batgirl, acrobacias para Asa Noturna e mais, isso sem contar que algumas habilidades só são desbloqueadas após cumprir certos desafios e todas ativam animações extremamente cinematográficas.
Como especificado, isso tudo serve para a hora em que a luta realmente já foi iniciada. Antes disso, na maioria dos mapas, é possível ter uma abordagem furtiva. Porém, isso se mostra extremamente desmotivador, uma vez que não há muita variedade na forma com que ataques silenciosos são feitos, e muitos objetivos secundários envolvem atividades cumpridas em batalha. Não há aqui aquele sentimento de “ser a noite”, já que não há como desarmar inimigos previamente e as interações com o cenário se limitam a simples explosões que causam dano.
Outro detalhe é que há uma questão rítmica na luta de Gotham Knights. Todos os personagens têm sequências de ataques que ficam mais poderosos apenas se o jogador continuar o “combo” no momento certo. Capuz Vermelho, por exemplo, dá cada vez mais tiros quando o ataque é executado com o timing correto enquanto Robin gira o bastão acertando todos os inimigos em volta.
Lute com alguém do seu nível
Adquirir novas habilidades se mostra fundamental mesmo sem indicativos na tela em Gotham Knights. É possível sentir quando inimigos mais fortes passam a aparecer na cidade e quando aprimoramentos se fazem necessários para lutar.
O jogo oferece muitos recursos com o decorrer das noites em Gotham, suficientes para se ter sempre os quatro personagens prontos para qualquer luta. Embora um certo desafio na hora de encontrar materiais pudesse ser interessante, a decisão de oferecer mais do que necessário ao jogador facilita o processo de troca, dando a liberdade de escolher qualquer herói para qualquer missão.
Essa facilidade, porém, se torna uma faca de dois gumes. Conforme explicado, todos os personagens possuem diversas habilidades próprias para determinadas situações, mas a velocidade com a qual é possível ficar muitos níveis acima do necessário para diversas missões pode esconder toda essa dinâmica. Afinal, não foi raro sair para uma tarefa importante logo depois de melhorar meu equipamento e derrubar todos os soldados inimigos com três golpes.
Embora extremamente apelativo, com opções para trocar todas as peças do equipamento, como luvas, capuz, botas e até o símbolo de herói no peito, a escolha passa a se tornar meramente estética. Após certo nível, não importa com qual uniforme você sai para patrulhar. Todos os inimigos cairão com facilidade.
Chefes são as únicas exceções à regra. Todas as lutas contra inimigos maiores, como Arlequina, Cara-de-Barro e demais vilões, são mais exigentes e demandam preparação. Claro, é possível enfrentá-los apenas com socos e pontapés, mas levar armas com efeito de fogo e até armaduras com resistência a gelo para lutar contra o Sr. Frio, por exemplo, facilita demais o processo e provoca a sensação de ser como o “Batman das antigas”, sempre com algum item crucial no cinto de utilidades.